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Cantina Lando

Rua dos Andradas, 861 - PoA - RS

Projeto de Remodelação

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Cantina Lando: Contando Histórias Saborosas Através da Arquitetura
No Studio 1, não criamos apenas espaços, mas também histórias saborosas que ganham vida em projetos para restaurantes e casas de entretenimento. Cada trabalho é uma oportunidade de unir funcionalidade, estética e narrativas que encantam e inspiram.
Um dos nossos projetos mais recentes está localizado no antigo Palacete Varejão, também conhecido como Casa Egípcia, situado na Rua dos Andradas. Originalmente um conjunto de casas, hoje restou apenas a parte central desse tesouro arquitetônico, projetado pelo arquiteto teuto-brasileiro, Hermann Otto Menchen.
Construído no início do século XX, sua fachada ornamentada chama a atenção pelos detalhes exóticos, como colunas e relevos que evocam o esplendor das antigas civilizações.Um dos elementos mais marcantes da Casa Egípcia é uma escultura ornamental na fachada, possivelmente uma cariátide – uma figura feminina esculpida que desempenha função estrutural, sustentando parte da edificação com sua própria forma. Abaixo dela, uma cabeça de leão se destaca, simbolizando força e proteção.
Agora, este prédio icônico será palco de uma grande homenagem às famílias que vieram da região do Vêneto, na Itália. A tradição dos donos de restaurantes da Rua dos Andradas, muitos de descendência italiana, inspirou a criação da Cantina Lando, um verdadeiro memorial dedicado a essas famílias e à sua rica cultura culinária.
Nas paredes da cantina, cores vibrantes, frases inspiradoras e uma galeria de fotos de famílias italianas ajudam a contar a história desses imigrantes que chegaram a Porto Alegre e deixaram um legado de tradição e sabor. Cada detalhe foi pensado para celebrar a herança italiana.
A Cantina da Família Lando é mais do que um restaurante; é um espaço que preserva memórias, honra tradições e cria novas histórias. E no Studio 1, temos o orgulho de fazer parte dessa jornada, transformando espaços em lugares que contam histórias e emocionam.
A Casa Egípcia
A Casa Egípcia, ou Edifício Varejão, projetada por Otto Menchen e concluída em 1914, sofreu um incêndio nos anos 1980 e uma reforma desastrosa que destruiu parte de sua estrutura, removendo adornos e sacadas originais. Esse processo de "decoupage" — recorte arquitetônico — destacou peculiaridades dos fragmentos remanescentes, sem alterar sua função inicial.
O prédio reflete o contexto sociocultural de Porto Alegre entre 1900 e 1920, quando surgiram obras grandiosas como a Prefeitura e o MARGS, impulsionadas pela ascensão econômica da elite. Na época, o neoclassicismo e o fachadismo valorizavam os ornamentos como símbolos de status.
A Casa Egípcia é composta por cinco lojas no térreo e cinco residências nos pavimentos superiores, organizadas como construções geminadas, mas tratadas como um único edifício na fachada. As residências seguem um layout colonial: salas à frente, quartos no centro e cozinha/banheiro ao fundo, com um poço de iluminação interno coberto por vidros.
Apesar da linguagem clássica predominante, a fachada mescla Art-Nouveau e motivos egípcios, com decoração simétrica e equilibrada. Contudo, uma escultura central, em escala desproporcional, rompe essa harmonia, destacando-se como elemento contraditório e monumental. A construção geminada, comum para reduzir custos, aqui serviu para unificar visualmente o conjunto, reforçando sua grandiosidade externa.
A escultura apresenta uma forma feminina, com expressão concentrada e um manto como vestimenta, porém não se harmoniza com o ideal de beleza grego. Toscamente talhada, é, na verdade, uma realização de má qualidade; sua atitude é bastante forçada, sua cabeça voltada para baixo, os braços numa posição pouco natural. Contudo, tampouco se identifica com a estatuária da época, carregada de cunho ideológico. Os pés da figura feminina estão estranhamente apoiados sobre uma cabeça de leão, numa posição que sugere que o conjunto tenha algum simbolismo, possivelmente algo que identifique o proprietário, sua família, sua origem.
A escala diz respeito não só ao tamanho físico, como também à importância. Cada parte do edifício tem seu tamanho e um significado em relação às outras partes. O tamanho da escultura, alinhado à sobriedade do resto da decoração, faz com que o olhar seja mobilizado em direção à figura. É um agigantamento do objeto, não apenas por sua própria escala, mas pela sua posição e pela forma como está inserida frente aos demais objetos.
Apesar do exposto anteriormente, sua fachada provavelmente não chegou a chocar ou a ser considerada bizarra pelos cidadãos porto-alegrenses da época. Na verdade, poderíamos dizer que a criação ficou no “meio termo”, atacando, por uma lado, a tendência mundial de valorização da fachada, sem, contudo, ousar; e, por outro lado, mesmo com uma escultura bastante destacada, não chega a se sobressair entre a s obras construídas pelos detentores dos poderes políticos e econômicos da cidade. Aí, mais uma vez, o meio termo: a estátua fica realçada pelo tamanho, por estar centrada na fachada, mas não tem riqueza nos detalhes.
Cantina Lando