O Studio1 Arquitetura tem a honra de estar à frente do projeto de restauração da Capela São Francisco de Assis, em Rio Pardo, sendo um dos templos mais antigos e representativos do estado.

Sua planta é retangular e simples, com nave única, capela-mor e altar-mor em destaque, além de altares laterais e nichos para estatuária. As paredes em alvenaria de pedra irregular, argamassadas com barro, possuem grande espessura, conferindo estabilidade e resistência à estrutura.

A fachada assimétrica apresenta porta central e uma única torre sineira lateral, coroada por um coruchéu em formato de barrete. O frontão triangular, rematado por uma cruz, reforça o caráter sacro e imponente da edificação.

A torre sineira, modesta em proporções, dá imponência à capela como marco visual e espiritual, enquanto a diferença entre os volumes da nave e da capela-mor reflete ampliações posteriores.

No interior, preservam-se traços de um espaço litúrgico austero e funcional, com altar em talha de madeira de inspiração barroca e volutas simplificadas.

Foi realizado um minucioso mapeamento dos danos existentes na Capela São Francisco de Assis, servindo como base para o projeto de restauração.

Os procedimentos serão baseados na análise das manifestações patológicas verificadas, recuperando e conservando a tipologia arquitetônica original da edificação o máximo possível. As intervenções de restauro previstas para o edifício estão previstas em 4 etapas distintas:

1 - Telhado: revisão da estrutura de madeira original, substituição de peças degradadas, instalação de subcobertura metálica e proteção contra xilófagos, mantendo alinhamento e ventilação do desvano.
2 - Fachadas e drenagem: limpeza cuidadosa das superfícies, remoção de revestimentos degradados e recomposição com argamassa compatível ao traço original. Instalação de drenagem perimetral para evitar umidade ascendente.
3 - Bens integrados e luminotécnica interna: conservação de retábulos, imagens sacras e forro de madeira, protegendo o soalho durante a execução.
4 - Requalificação do Museu de Arte Sacra: projetos em desenvolvimento para conservação das peças, acessibilidade e expografia.

Os trabalhos incluem também prospecções de reboco e cores originais, estabilização de fissuras com técnicas modernas e proteção de pisos, retábulos e imagens sacras durante toda a obra. Além disso, será realizada a remoção de elementos degradados e a drenagem das águas pluviais da fundação da edificação.Cada detalhe, desde pingadeiras e capeamentos até argamassas e limpeza de superfícies delicadas, é planejado para preservar a autenticidade histórica da capela.


HISTÓRIA

A devoção a São Francisco de Assis em Rio Pardo teve início no século XVIII, com a atuação da Ordem Terceira do Seráfico São Francisco da Penitência. O culto foi instituído em 1755, e a construção da capela começou por volta de 1785, conduzida pelos açorianos Manuel de Macedo Brum e Matheus Simões Pires. A inauguração oficial ocorreu em 1812, embora o culto já existisse antes da conclusão da obra. O interior abriga esculturas barrocas em tamanho natural que retratam a Via Sacra, com realismo anatômico marcante, além da imagem de São Francisco com os estigmas e um altar com Nossa Senhora da Boa Morte e Nossa Senhora da Glória, raro no Brasil. Em 1853, um incêndio destruiu a capela-mor e documentos históricos, mas em 1857 o templo foi restaurado e reinaugurado pela irmandade, recuperando sua aparência original.

No dia 24 de maio de 2007, a Igreja São Francisco de Assis foi oficialmente tombada como patrimônio histórico pela Prefeitura de Rio Pardo.

Desde 1975, a capela abriga o Museu de Arte Sacra de Rio Pardo, criado pelo historiador Biagio Soares Tarantino. O acervo reúne peças missioneiras, artesanato indígena, vestes litúrgicas, missais e objetos religiosos antigos. Em 2010, o museu foi interditado devido às más condições do prédio, e o acervo transferido temporariamente para a Matriz do Rosário. Em 2013, recebeu intervenções emergenciais com apoio da comunidade.

Entre as lendas locais, destaca-se a da Noiva de Rio Pardo. Uma jovem prometeu doar seu vestido à Nossa Senhora da Boa Morte se pudesse casar com seu amado. Após o pai consentir o casamento, ela morreu na porta da igreja logo após a cerimônia. A mãe cumpriu a promessa, e, desde então, outras noivas passaram a doar seus vestidos, formando um acervo hoje exposto no museu.

A Capela São Francisco de Assis é um dos templos mais antigos do Rio Grande do Sul e possui grande importância histórica e artística para a região. Suas esculturas da Via Sacra são reconhecidas como um dos melhores conjuntos de arte sacra do Brasil, segundo Dante de Laytano. O templo simboliza a fé colonial, a arte barroca e a memória local.