projeto
Fundação O Pão dos Pobres

Rua da República, 801 - Cidade Baixa, Porto Alegre - RS

Projeto de Reconstrução e Restauração

350m²

2016


A Baronesa de Gravataí, de forte devoção religiosa, construiu uma capela onde reunia funcionários e familiares para orações diárias. Com a aquisição da área por Dom Marcelino, a capela passou a atrair moradores da região. Em 1904, foi ampliada, como indica o sino doado pela família Freitas Valle de Alegrete em 1905.
Após o falecimento de Cônego Marcelino, o asilo foi transformado em orfanato em 1916, sob a direção dos Irmãos Lassalistas, que impulsionaram tanto a instituição quanto a devoção à Capela Santo Antônio, especialmente às terças-feiras. Devido à crescente afluência de fiéis, o Arcebispo Dom João Becker a elevou a Santuário, consolidando a tradição da distribuição dos pãezinhos bentos e das celebrações semanais.
Em 1929, a primitiva Capela de Santo Antônio foi demolida, transferida e adaptada a um novo edifício. Posteriormente declarada santuário, passou por diversas reformas ao longo do tempo.
Com a chegada dos Irmãos Lassalistas, o Pão dos Pobres passou a acolher meninos internos – não órfãos, mas crianças em situação de vulnerabilidade. O espaço originalmente destinado às famílias foi adaptado para servir como dormitório coletivo.
Antes disso, a instituição utilizava a capela do antigo Solar da Baronesa, que foi destruída por um incêndio, restando apenas uma pequena capela. Quando o prédio principal foi construído e inaugurado em 1930, o antigo dormitório foi transformado definitivamente na capela da instituição.
Em 24 de junho de 1932, data da canonização de Santo Antônio, foram inaugurados os vitrais da capela, cada um com o nome de seu doador. O número de devotos continuou aumentando, e, em 1936, a capela foi elevada a paróquia, tendo como primeiro vigário o Cônego Affonso Neiss. A participação dos internos era ativa, com envolvimento em missas, orações e grupos religiosos voltados à formação cristã.
Em 2014, a capela que atende à Fundação O Pão dos Pobres foi parcialmente destruída por um incêndio. No ano seguinte, o Studio1Arquitetura foi contratado para realizar o levantamento cadastral após o sinistro e elaborar o projeto de restauração e reconstrução.
Como em todo projeto, mergulhamos na história do edifício e realizamos um verdadeiro resgate, preservando sua identidade enquanto conduzíamos a reconstrução parcial.
Durante esse processo, descobrimos que a capela foi o primeiro edifício do Pão dos Pobres. Inicialmente, a instituição adquiriu o terreno na Cidade Baixa, onde ficava a antiga Chácara da Baronesa do Gravataí, que havia sido vendida ao Barão de Nonoai, o Senhor João Pereira de Almeida, com a intenção de criar um ministério de assistência social.
O objetivo inicial era acolher famílias com a construção de pequenas moradias. O primeiro conjunto de casas deu origem ao prédio que mais tarde se tornou a capela.
O incêndio ocorreu em 12 de janeiro de 2014. O fogo começou por volta das 16h30 no velário, onde os fiéis depositam velas acesas. Dali, as chamas se espalharam para altar e depois para o telhado. Parte do santuário do orfanato foi destruído.
O prédio atingido pelo incêndio foi erguido em 1929, mas antes disso já existia uma capela menor no local. O imóvel está na lista de bens inventariados pela Equipe do Patrimônio Histórico e Cultural (EPAHC) de Porto Alegre e, por isso, a reforma deveria preservar as características originais.
Após o incêndio de 2014, nossa equipe se dedicou à reconstrução desse patrimônio, resgatando não apenas sua estrutura física, mas também a rica história que ele carrega.
O resgate:
Durante o processo de restauração, identificamos e resgatamos o piso original que estava oculto sob camadas de outros pisos. Para preservar essa memória, foram feitas réplicas que cobriram parte da área.
Mantivemos toda a estrutura e a técnica original da construção do telhado, datada da década de 1930. O órgão foi preservado, e o retábulo – esculpido pelos internos e perdido no incêndio – foi integralmente reconstruído por Valter Frasson.
Os vitrais passaram por um minucioso processo de restauração. O campanário, completamente consumido pelo fogo, foi totalmente refeito.
Para garantir a durabilidade da estrutura, aplicamos um tratamento inovador contra a umidade ascendente, utilizando tecnologia de barramento de solo por íons. Além disso, uma equipe especializada foi responsável pela restauração de todas as imagens sacras.
Como parte da modernização, realizamos a climatização do ambiente e desenvolvemos um projeto luminotécnico que valoriza a arquitetura e os elementos históricos da capela. A pintura, tanto interna quanto externa, foi cuidadosamente executada. Embora as cores escolhidas não sejam as originais, elas foram selecionadas para dialogar com a proposta de resgate histórico, consolidando a identidade da Capela do Pão dos Pobres renascida.
O restauro dos bens integrados ficaram a cargo da arq. Enilda Miceli (@duedoisdesign) e Fernanda Intervento (@fernandaintervento).
Capela Fundação O Pão dos Pobres